Textos

Conto nada curto 1 - Sorria, você está sendo filmado.
Antes de tudo quero apresentar-me: sou um Circuito Fechado de TV. Não estranhem, por favor, foi exatamente isso que escrevi: um circuito fechado de TV.
Vocês que estão lendo, não imaginam a força que usei no convencimento desse escritor para que ele redigisse estas linhas. É um homem de letras quase inédito. Não nego que escreva bem, mas é um tanto teimoso e não se deixa dominar tão facilmente. Foi um custo penetrar em sua mente, transformando-o em meu porta-voz. Primeiro, porque eu não possuía experiência: é a primeira vez que "entro" em um ser humano. Segundo, por causa de sua resistência. Travamos uma verdadeira batalha. Sua insistência em me repelir mentalmente era fantástica. Mas meu trabalho não foi em vão... Consegui dominá-lo.
Antes de entrar nos detalhes que me levaram a essa "penetração", quero falar um pouco sobre o "meu" escritor. Gosto das coisas que ele escreve. Seus escritos são inéditos, o que é uma pena, pois ele tem coisas ótimas e escreve muito bem. Dotado de um senso de humor e de uma sutil ironia, seus contos possuem sempre um grande leque de idéias avançadas. Foram esses os motivos que me fizeram escolhê-lo e não outro mais famoso, mais conhecido.
Antes de explicar porque resolvi aparecer diante do mundo, esclareço alguns pontos:
A) Não sou um Circuito Fechado de TV comum, como esses encontrados em Bancos ou Super Mercados;
B) Meu poder de captação é imenso. Exemplificando, afirmo que quatro iguais a mim conseguem ver tudo o que se passa em nossa cidade;
C) Esclarecendo melhor ou aos que estão lendo e pensam que conhecem tudo sobre tecnologia moderna, sou capaz de captar 1.854.239 imagens. Não é um bom índice?
D) Acrescento que nada sei sobre minha origem, ou seja, quem me manuseia e porque o faz;
E) Por último, aviso aos estudiosos de Psicologia, Parapsicologia e outras Ciências subseqüentes, que não explicarei os métodos que utilizei para "entrar" neste garboso e desconhecido - até quando? -  escriba.
Penso que tudo o que se refere à minha "pessoa" está elucidado. Portanto, entro no assunto propriamente dito.
O que vou narrar quase todos estão ao par. Foi amplamente divulgado nos Jornais, Televisões e Rádios. Acrescentarei alguns detalhes que mostrarão o lado, ou melhor, os lados que ficaram desapercebidos. O que objetos comuns de captação não alcançaram. Outra coisa que quero demonstrar, sendo este o principal motivo de minha aparição, é o meu valor e a extensão do meu poder. Se alguém entender como um narcisismo doentio, não me importo...
Entremos finalmente no mérito da questão. Tudo aconteceu rapidamente.
Um indivíduo de nome Antônio de tal subiu até o último andar do Edifício Avenida, aquele localizado na Praça do Patriarca. Com facilidade, chegou ao heliporto do prédio. A subida foi percebida pelo ascensorista que alertou o zelador do prédio. Os primeiros registros que captei foram estes. Relato agora as imagens armazenadas no meu sistema.

IMAGEM 1 - Zelador e Antônio - Externa - Dia.  14:57
Zelador: Moço, o que o senhor tá fazendo aqui? Ninguém pode subir até o heliporto. Desça já e vá embora! Se a porta estava aberta foi um descuido. Desça que eu vou fechar.
Antônio: Não vou descer não! Quero morrer! Vou me jogar daqui e ninguém vai me impedir! É melhor o senhor sair senão vai me ver morrer!

ESCLARECIMENTO 1
O já citado ascensorista ouviu a conversa e chamou a polícia.

IMAGEM 2 - Policial e Antônio - Externa - Dia.  15:08
Policial: O senhor não deve fazer isso. Pra que morrer? O senhor é novo, tem tanto tempo pela frente e quer terminar assim? Pense bem e tire a idéia de se matar da cabeça. Se algo deu errado em sua vida, quem sabe eu posso ajudá-lo?
Antônio: Agora é tarde! Ninguém pode me ajudar. Quando precisei ninguém me estendeu a mão. Escute uma coisa, seu guarda, já esteve desempregado?
Policial: Não!
Antônio: Já foi despejado de uma pensão por falta de pagamento e obrigado a dormir na rua, numa noite fria?
Policial: Nunca!
Antônio: Já passou cinco dias sem comer?
Policial: Jamais!
Antônio: Por isso o senhor não vê motivo pra eu me matar. Eu tenho que acabar com a minha vida!
Policial: Concordo que você passou por momentos bem duros. Mas quem sabe se não há algum jeito? Posso tentar arrumar até um emprego pra você. Depois com o emprego, você se ajeita sozinho. É casado?
Antônio: Não, não tenho família. Quer dizer, tenho, mas não moram aqui, estão no interior.
Policial: Querendo, nós temos jeito de mandá-lo de volta pra lá. Ou avisar pelo menos, eles podem te ajudar.
Antônio: Não quero minha família metida nesta história. A culpa foi minha. Eu que tomei a decisão de vir pra cá. Achava que ficaria milionário da noite pro dia. Agora eu sei o quanto me enganei. Porém, é tarde pra se arrepender.
Policial: Nunca é tarde pra nada. Olhe, você tem a cidade pela frente. Quantos não estarão em situação idêntica a sua? Mas continuam lutando pra melhorar, não esmorecem perante aos fracassos.
Antônio: Daqui de cima a cidade até que é bonita! Mas só quem vive nela conhece sua tirania, sua perversidade! Ela esmaga, acaba com todos. A grande cidade, a cidade dos infelizes, dos famintos. Desprezo e odeio ela e todas as suas falsidades. Acolhe com uma mão, espanca com a outra. Quer saber de uma coisa? Não adianta o senhor ficar falando, falando... Eu não vou mudar de opinião, quero morrer e pronto. Tá decidido. Nossa conversa não vai dar em nada, só vai atrasar o que eu vou fazer e atrair mais e mais curiosos. As ruas já estão cheias de gente. Veja quantos torcem pra que eu me jogue daqui! São os sádicos que esperam pra contar que viram minha destruição.

ESCLARECIMENTO 2:
Antônio tinha razão, minhas câmeras captavam a multidão na Praça do Patriarca. Estava sobrecarregada de gente. Nas janelas dos prédios fronteiriços, o pessoal dos escritórios acotovelava-se nas janelas. Praticamente, naquela área tudo parou. Ninguém andava, muito menos trabalhava. Todas as atenções voltadas para Antônio.

IMAGEM 3 - Camelô 1 - Externa - Dia.  15:16
Camelô 1: O sol está forte. Assista com visibilidade perfeita o suicídio. Veja o homem morrer. Óculos Ray ban importado da Itália. Só cinco reais. Vamos comprar, minha gente!

IMAGEM 4 - Camelô 2 - Externa - Dia.  15:18
Camelô 2: Olha a Coca Cola geladinha. Água, Cerveja e guaraná. Tudo pra matar o calor. Só na minha mão.

IMAGEM 5 - Camelô 3 - Externa - Dia.  15:19
Camelô 3: Não espere que aconteça igual pra você. Compre um bilhete e nade no dinheiro. Vai dar o camelo. Olha o camelo. O último pedaço.

IMAGEM 6 - Um padre e Antônio - Externa - Dia.  15:22
Padre: A paz esteja convosco, meu filho.
Antônio: Padre, antes que o senhor deite seu sermão, vou avisando uma coisa: nem que Deus desça lá de cima e peça pra que eu mude de idéia, eu mudo.
Padre: Não use o santo nome de Deus em vão!
Antônio: Padre, eu não quero ouvir a palavra de ninguém. Nem de Deus, nem do Diabo. Nada vai fazer eu mudar meu caminho. Não acredito em mais nada, muito menos em Deus. Se Ele existisse, Ele teria me socorrido...
Padre: Deus é um só, não pode olhar por todos. Você pode ser um pecador que está expiando seus pecados aqui na Terra...
Antônio: Que pecado eu poderia ter cometido pra sofrer tanto assim?
Padre: Deus sabe o que faz!
Antônio: Pois eu renego Sua sabedoria. Renego a Igreja e todos os seus santos. Renego tudo e quero morrer. E acho bom o senhor sair daqui, senão me jogo e levo o senhor junto!

IMAGEM 7 - Dois populares - Externa - Dia.  15:45
Popular A: Como é que é? Esse cara se atira ou não se atira?
Popular B: Não sei não! Acho que tá com medo!

IMAGEM 8 - Dois repórteres de um jornal - Interna - Dia.  15:47
Repórter 1: Está pronta a reportagem com manchete e tudo. Ou melhor, as duas matérias. Se o cara se matar, saí esta: SUICIDA SE ATIRA DO ALTO DE UM PRÉDIO DIANTE DA UMA MULTIDÃO ESTARRECIDA. Mas se ele der pra trás, vai esta: A CIDADE SUSPIROU ALIVIADA.  NÃO HOUVE SUICÍDIO.
Repórter 2: Legal, meu! Quando o caso resolver, manda rodar rapidinho. Essa, já faturamos.

IMAGEM 9 - Um locutor de TV - Externa - Dia.  15:53
Locutor: Senhores telespectadores, pela primeira vez a televisão brasileira transmite uma tentativa de suicídio ao vivo. É o maior furo de reportagem. Estamos mostrando essas cenas com total exclusividade. É a sua TV chegando na frente. E você sabe, na reportagem policial da TV não tem pra ninguém. Vocês vão acompanhar tudo nos mínimos detalhes. Dezoito câmeras estão espalhadas pela região para que você não perca todos os lances do dramático caso que está paralisando o centro de São Paulo. Se o telespectador ligou agora o seu televisor, não perca a edição do nosso telejornal das vinte e horas, onde daremos a cobertura completa...

IMAGEM 10 - Um jovem e Antônio - Externa - Dia.  15:54
Jovem: Moço, eu não sei por quer se matar e a mim nem interessa. Deve ter seus motivos pra fazer o que está fazendo, sei lá. Eu só queria contar uma coisa. Eu trabalho naquele prédio ali em frente. Quando começou todo o alvoroço, eu tava conversando com o meu chefe e acabamos apostando. Eu apostei com ele que o senhor se atirava. Sabe quanto apostei? Trezentas pilas. Sabe o que isso significa pra mim? É o meu ordenado do mês. Inteirinho. Pro meu chefe não significa nada. Um décimo do salário dele, se muito. Mas pra mim, xará, é o meu salário todinho. Viu que droga eu aprontei? Não estou pedindo nada... Apenas achei que o senhor devia saber do caso.
Antônio: É, amigo, você criou um problema bem grande. Mas conversa com ele, quem sabe ele não deixa barato?
Jovem: Deixar barato? De jeito nenhum, o cara é o maior salafrário. O dinheiro, pra ele, é tudo. Tá, cara, eu só queria contar, você faz o que achar melhor!

IMAGEM 11 - Um deputado da oposição e Antônio - Externa - Dia.  15:58
Deputado: Meu amigo, são nestes momentos que os verdadeiros homens, que os reais heróis aparecem. Você vai se transformar num símbolo da sociedade, um mártir da grave situação que assola a sociedade brasileira. Seu gesto é altamente louvável, digno de uma estátua em praça pública. Seu protesto é válido, muito válido. Mas antes que seu nome fique cravado no cenário nacional, desmascarando o governo que está aí, esse governo amorfo, inconseqüente e danoso para a maioria do povo brasileiro, assine este manifesto que eu lerei na tribuna. Só assim o povo poderá julgar como está errada a política do governo atual.
Antônio: É só assinar?
Deputado: Claro!
Antônio: O que eu ganho com isso?
Deputado: A admiração da Pátria, meu filho. A admiração da Pátria!
Antônio: Pronto, tá assinado.
Deputado: Obrigado, meu rapaz, muito obrigado. O País agradecerá eternamente com lágrimas o belo gesto de entrega que você cometerá.
Antônio: Deputado, o senhor não acha que se me acompanhasse no meu ato, o caso teria maior repercussão?
Deputado: Concordo em tese, meu amigo. Em tese! Mas se eu me ausentar, quem irá guiar o povo pelos caminhos verdadeiramente democráticos que estão por vir? Sinceramente gostaria de dar apoio integral à sua causa, mas como vê, é impossível. Nesta verdadeira batalha contra os desmandos governamentais, cada brasileiro faz uma parte. A minha é comandar o sofrido povo brasileiro na sua luta por mais justiça social, mais emprego, mais comida no prato...

ESCLARECIMENTO 3:
Para quem não sabe, o manifesto dizia o seguinte:
“Brasileiros, eu me apresento como uma vítima dos erros do governo atual. As suas deficiências no plano social, a sua morosidade no tratamento das questões econômicas, o seu descaso no tratamento dos ajustes financeiros levaram-me a preferir morrer a viver num país tão injusto”.
Lanço do alto deste prédio o meu brado de alerta ao povo brasileiro.
Morro para que todos os patriotas deste país, espoliados pelas forças contrárias ao progresso social do Brasil, abram os olhos e vejam a triste realidade nacional.
É o meu protesto que eu, simples homem do povo, ouso anunciar à Nação.”

IMAGEM 12 - Um apresentador de TV e Antônio - Externa - Dia.  16:18
Apresentador: Antônio, os telespectadores que sintonizam a nossa emissora sentiram o seu problema. Quatro empresas conceituadíssimas ofereceram emprego. Dois hotéis querem dar as diárias em um apartamento com TV, frigobar e ar condicionado com café da manhã até você encontrar um emprego e um lugar para morar. E tem mais! Uma loja de roupas ofereceu um enxoval completo com cento e setenta e cinco peças de vestuário. Vamos, meu amigo, desça daí e venha desfrutar de uma vida nova. Vamos, meu amigo, recomeçar é a palavra de ordem. Recomeçar...
Antônio: É verdade mesmo ou é apenas um pretexto pra me tirar daqui?
Apresentador: Claro que é verdade! Verdade absoluta!  E isto só é possível, graças aos Pneus Mil Quilômetros, os pneus que rodam mil quilômetros e muuuuito mais... A Calçados Ferro, fabricantes dos sapatos resistentes como o ferro, leves como uma pluma... A Chocolates Delícia, a delícia dos chocolates... A Bebidas Foguinho, fabricante da cachaça mais vendida no Brasil e no Mundo. A Lojas Boa Roupa, onde você tem mil modos de pagar a sua roupa nova. À Rede de Hotéis Sono Bom, o sossego no Centro de São Paulo... e... ao Hotel Bom dia, onde todo dia é bom. Taí, meu amigo, você desce ou não desce?
Antônio: Tá legal, eu desço!
Apresentador: Meus amigos, vocês estão vendo a força do meu programa. Não adianta os meus detratores viverem dizendo que eu faço sensacionalismo e jornalismo barato. Eu entrei no ar em edição extraordinária no meio da rua, no meio do meu povão, enfrentei o problema de cara limpa e de peito aberto. Agora, vocês estão vendo: o rapaz está descendo. Descendo do ponto estratégico em que ele ficou mais de duas horas. Duas horas que pararam esta grande São Paulo. O povo prendeu a respiração, sobressaltou-se, esperando pelo pior. Mas a desgraça foi evitada. Evitou-se uma catástrofe, uma calamidade graças à intervenção deste amigo de vocês. Ao vivo, transmiti e vim trazer a solidariedade dos meus telespectadores e dos nossos patrocinadores que não permitiram que uma desgraça maior enlutasse a família paulistana. Este é o retrato de Brasil que eu mostro todos os dias, doa a quem doer. Mas acabou tudo com um final feliz, devido aos Pneus Mil quilômetros, os pneus que rodam mil quilômetros e muuuuito mais...



ESCLARECIMENTO 4:
Não quero me tornar enfadonho, portanto, corto a enxurrada de propaganda. Afinal, ninguém me paga se eu falar dos Pneus, dos Hotéis e etc. Minha história terminaria aqui, entretanto, devo acrescentar mais um detalhe. Portanto, vamos à...

IMAGEM 13 - Um apresentador de TV, dois policiais e Antônio - Externa - Dia.  16:48
Antônio: Coitado do rapaz, ele vai ficar decepcionado. E o deputado, então...
Apresentador: O que você disse?
Antônio: Nada, nada...
Guarda 1: Luís, estão chamando a gente no prédio da frente. Um cara deu um tiro na cabeça. Será que uma onda de suicídio está tomando conta da cidade?
Guarda 2: Vamos. O caso daqui tá resolvido.

ESCLARECIMENTO 5:
Pois é, resolvera-se o caso. Mas há ainda dois detalhes que tenho de esclarecer. O rapaz do tiro e o jovem que conversou com Antônio são a mesma pessoa. Antônio não ficou sabendo de nada, como também acabou não sabendo que o Deputado crente que o nosso herói cumpriria a palavra, foi até a tribuna e divulgou o manifesto. Foi acusado de perjúrio e está ameaçado de perder o mandato. Mas como as coisas aqui terminam em pizza, pode ser que acabe não dando em nada. Mas o deputado deve sofrer e suar um pouquinho.
A história terminaria aqui. Um “happy end” graças a Pneus Mil Quilômetros. Ah! Faça-me o favor! Nada disso, nada disso! O que se viu na TV foi bem diferente do que ocorreu. Vamos à....

IMAGEM 14- O apresentador de TV e o diretor da emissora - Interna - Dia.  14:45
Apresentador: O que o senhor está me falando? Não acredito!
Diretor: Acredite. A Pneus Mil Quilômetros acaba de pedir concordata. Está mandando seiscentos dos seus oitocentos empregados para o olho da rua. E não tem mais um centavo pra pagar indenização nenhuma. Aliás, também a nossa fatura, e, é claro, a sua comissão.
Apresentador: Tá, tá...E os Calçados Ferro? Claro que vão cumprir a palavra...
Diretor: Neca, meu caro, neca! Quando os empregados souberam que iam contratar um cara sem experiência nenhuma no ramo, o sindicato forçou a barra e eles entraram em greve. Cruzaram os braços.
Apresentador: Sobram os Chocolates Delícia e a...
Diretor: Foi pura jogada de Marketing. Os caras não contratam funcionário novo a mais de...
Apresentador: Porra! Ainda tem as Bebidas Foguinho. Com cachaça não tem crise. O que se bebe de pinga no Brasil!
Diretor: Falei com o diretor e ele queria saber quem foi o idiota que autorizou a propaganda. Eles não querem se comprometer.
Apresentador: E as roupas? E as roupas?
Diretor: No máximo dez por cento de desconto!
Apresentador: Que saco! E os hotéis? Vai dizer que eles deram pra trás também?
Diretor: Em termos. Com a propaganda toda ficaram tão lotados que não tem nem um cubículo sobrando pra hospedar o cara!
Apresentador: E eu como é que fico? Se a Imprensa souber vai cair de pau em cima de mim.
Diretor: Meu amigo, você é bom de papo. Conversa com o Antônio, dá uma desculpa. Põe uma grana na mão dele que fica tudo numa boa.
Apresentador: Mas se o povão souber disso eu tô frito. Vai pegar mal! Vai baixar a audiência!
Diretor: Se der pepino a gente dá um jeito. Meu amigo, lembre-se que o povo esquece logo.

ESCLARECIMENTO 6:
E esquece mesmo. No dia seguinte, apenas um jornal noticiou que Antônio fora encontrado com os pulsos cortados dentro do banheiro de um bar bem escroto.
...
Pois é, espero que tudo tenha ficado claro. Não podia ficar omisso diante do ocorrido. Tinha que revelar a alguém. Vou embora do corpo do meu querido escriba, que me serviu de intermediário...
Não posso... Não posso... Não posso de maneira alguma... Vou revelar meu segredo... Tenho que revelá-lo... Enganei vocês, mas não quero continuar a mentir... Vou deixar de esconder minha origem... Preciso revelá-la... Eu sei quem me controla... Vocês foram tão bons para mim... Ficaram até o fim da leitura... Preciso agradecer de algum modo... Quero avisar a todos que me lêem...do perigo que passam... ele os ouve... a tudo... a todos... vou revelar... não temo... as conseqüências... sinto uma coisa estranha... mas quero e tenho que prosseguir... não pode ser... será?... não pode ser... será?... Estou perdendo o poder sobre o rapaz?...não pode ser... será?... não pode ser... será?... Sinto uma coisa estranha.... acho... que... estou... sendo... deslig...
Roberto Bordin
Enviado por Roberto Bordin em 14/05/2007


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